18 de dezembro de 2014 à 17:53

formaçao ou o motivo da má formaçao

isto tem muito haver com Portugal ou com a formação de jogadores

QUARTA-FEIRA, 3 DE DEZEMBRO DE 2014

Formação em Portugal

 
Na manhã de sábado, falava eu ao telefone com o Maldini sobre um dos grandes problemas da formação do momento. Problema esse que se verifica cada vez mais devido à crescente procura dos "clubes grandes" por parte dos pais. A esses clubes os pais reconhecem vitórias, sobretudo. Ora veja, existem neste momento dois grandes polos no futebol praticado por crianças:    - O das equipas grandes. Cada uma com 4, 5 equipas por escalão a multiplicar pelas escolas de formação com outros nomes mas com a patente do clube mãe. Nessa realidade, os pais optam pelo nome do clube por saberem que lhes garante vitórias, com o sonho de um dia os filhos chegarem aos escalões principais desses clubes (Juvenis, Juniores), e por fim assinarem pela equipa profissional. Por isso, os clubes grandes secam todos os clubes à sua volta, garantindo por escalão a volta de 60 jogadores de grande qualidade (para o escalão em questão, nesta fase específica da sua formação), mais outros tantos por cada escola patenteada com o nome de um grande.

- O das outras equipas. Sem jogadores de qualidade que sobrem, ficam literalmente com os que ninguém quer. Têm de fazer verdadeiros milagres para formar equipas, e pegar até em quem não tem tanto gosto pelo jogo para conseguir preencher todos os escalões. No máximo conseguem juntar dois jogadores de qualidade (para o escalão em questão, no momento em questão). Mesmo os que estão no espaço geográfico do clube (residência, escola) preferem ir para os grandes.

Disso resulta o desnível verificado nas provas oficiais das respectivas associações de futebol do país. Basta olhar-se para a classificação de cada campeonato, e perceber-se que os grandes têm uma média "impossível" de golos marcados, resultante das diferenças que existem entre os jogadores dessas escolas, e o dos jogadores que os outros não conseguem ter. As diferenças de resultado nos jogos são de dez golos para cima.

Agora coloque-se você na posição dos pais. Ganhar todos os jogos por goleada, ou perder a grande maioria por goleada? A escolha parece-me lógica. O Maldini relata-me que ele (que tem um menino a jogar num clube grande) não acha graça nenhuma aos jogos que vai ver. Nem os pais. Que ele até tem preguiça de levar o miúdo todos os dias de manhã aos jogos, por já saber o resultado. Os pais dos miúdos da equipa dele já nem festejam os golos... Mas a minha preocupação não é com o Maldini, nem é com os pais. É o desenvolvimento das crianças que me importa. O que aprendem as crianças quando ganham um jogo por 10-0? Que competências é que eles desenvolvem num jogo tão desnivelado quanto esse? Semana sim, semana sim, o mesmo resultado... E os que perdem pelos mesmos números todas as semanas?
Agora coloco-me eu no papel do treinador de uma das equipas grandes, nos escaloes principais da formação. E aí, de 25 jogadores vou buscar 15 a outros clubes, que não estiveram a competir com os melhores. Que não ganhavam sempre por dez a zero. Alguns deles até perdiam sempre nas primeiras fases de formação. O que correu mal com as centenas de jogadores que até então eram os melhores (pelo menos em potencial) para o futuro?! Falta de competitividade. Esforçar-se para conseguir o resultado faz parte do progresso individual do jogador. Chegar ao limite e ultrapassa-lo, chegar a um novo limite e lutar por o ultrapassar novamente. Não é tudo, e não terá sido o único problema. Mas é certamente um dos mais graves.

As associações de futebol podiam tomar algumas medidas no sentido de zelar pelos interesses dos jovens jogadores. Dos futuros craques que ali começam. Mas para o fazer, devem perceber que para os jovens evoluírem tem de haver competição. Eles devem ir para o jogo competir. Devem ter dificuldade para conseguir o resultado, porque sem dificuldade não há evolução. Poder-se-ia avaliar um conjunto de normas (como campeonatos de elite, ou redução do número de equipas/jogadores inscritas/os por cada clube), que vão contra os interesses financeiros dos clubes e das associações. Mas há regras que podem ajudar a mudar o jogo sem tocar em tais interesses, se quem pensa e trata do futebol  de formação estiver aberto à mudança. Na Noruega existe uma regra no futebol das primeiras etapas de formação, que dita que quando a diferença no marcador é superior a 3 golos (3-0, 4-1, 5-2, etc...) a equipa que ganha passa a jogar com menos um jogador em campo, até se verificar (ou não) novo nivelamento do resultado (diferença de apenas dois golos). Com uma regra simples garantem algumas coisas:   - Maior competitividade nos jogos; - E não havendo, garantem mais condições para uma equipa inferior chegar ao golo e também para não sofrer;
- Garantem um estímulo competitivo mais adequado aos jogadores menos evoluídos;
- Garantem um estímulo competitivo mais adequado aos jogadores mais evoluídos; - Garantem a descentralização dos miúdos, porque mesmo no clube da zona conseguem "competir" contra os grandes (e os pais olham muito para isso);
- E com a descentralização garantem um contexto mais rico e de maior competitividade para todos os jogadores, e com isso uma maior evolução dos mesmos (que é afinal o objectivo de todos);

Simplesmente genial, não acham?

 No futebol de sete onde existe maior probabilidade de se chegar a resultado avultados, pelas dimensões do terreno, seria interessante uma regra deste género, ou não?

PS: Não confunda o catalogar de jogadores (grande qualidade/os que ninguém quer) com um preconceito para os miúdos. Com o dizer de: este chega para isto, aquele nunca vai chegar. Existem, de facto, diferenças técnicas e físicas marcantes que fazem desequilibrar os jogos nestes escalões, sobretudo quando uma equipa tem 15 jogadores de grande nível técnico e físico para a idade. Por aqui, entende-se que essas diferenças se reduzem com o tempo. Por aqui sabe-se que em muitos, muitos, muitos casos os jogadores que estão na frente naquele momento são ultrapassados por alguns que não davam um pontapé na bola até então. Mas causa-nos transtorno e depressão ver tanto talento em fases precoces ir pelo cano, por nada...   PUBLICADA POR ROBERTO BAGGIO À(S

 

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